Ricardo Mauricio, Muller e Visconde vence o GP São Paulo, Mil Milhas Chevrolet Absoluta
Em uma corrida emocionante e disputada sob as mais variadas condições climáticas, o Porsche 911 GT3 R da Stuttgart Motorsport levou a melhor sobre os potentes esporte-protótipos da categoria P1 e venceu o GP de São Paulo Mil Milhas, realizado neste domingo (28 de janeiro) no autódromo de Interlagos. Marcel Visconde, Ricardo Mauricio e Marçal Müller levaram a equipe à quarta vitória na mais antiga corrida de longa duração do automobilismo, disputada pela primeira vez em 1956. Outro Porsche da Stuttgart Motorsport, o 718 Cayman GT4 Clubsport MR tripulado por Jacques Quartiero, Danilo Dirani, Luiz Landi e Beto Gresse, terminou em quinto lugar na classificação geral e em segundo na classe GT4.
A largada da prova foi dada alguns minutos depois da meia-noite. Quarto colocado no grid, o Porsche 911 GT3 R, inicialmente pilotado por Marçal Müller, precisou de apenas três voltas para assumir o terceiro lugar e de outras dez para ficar em segundo. A partir da volta 47, o carro assumiu a liderança e não perdeu mais a posição até receber a bandeira quadriculada após 343 voltas percorridas em 12 horas de prova, o tempo máximo estipulado pelo regulamento. As últimas horas de corrida, entretanto, foram um verdadeiro teste para os nervos dos integrantes da Stuttgart Motorsport e da equipe Techforce, responsável pela preparação do protótipo Sigma da classe P1 pilotado por Jindra Kraucher, Aldo Piedade Júnior, Emílio Padron e Marcelo Vianna. O Sigma largou na pole position, atrasou-se devido a uma prolongada parada de box nas primeiras voltas e recuperou posições até se colocar em segundo lugar.
Nas primeiras horas da manhã, o sol cobria a pista e o Porsche tinha cinco voltas de vantagem sobre o Sigma. Algumas entradas de safety car e a própria rapidez do protótipo permitiram que essa vantagem fosse reduzida a duas voltas. Faltando aproximadamente uma hora e meia para o prazo limite, a chuva chegou a Interlagos. Inicialmente de baixa intensidade, a chuva aumentou até encharcar o traçado. A Stuttgart Motorsport chamou seus dois carros para trocar os pneus slick por ranhurados, providência que a Sigma tomou alguns minutos depois. Logo em seguida, a direção de prova determinou a entrada do safety car. A vantagem do Porsche 911 GT3 R, já pilotado por Ricardo Mauricio, voltou a ser de quatro voltas e se manteve quando a bandeira verde foi mostrada em definitivo a dez minutos do fim.
No carro 21, Quartiero, Dirani, Landi e Gresse lutaram pela vitória na classe GT4 e, durante várias horas, ocuparam o terceiro lugar na classificação geral, até receberem um time penalty de dois minutos em virtude de uma ultrapassagem feita sob bandeira amarela. Mais tarde, o 718 Cayman GT4 Clubsport MR precisou de alguns minutos extras em uma das paradas para reabastecimento: parte do assoalho fora danificado (provavelmente por algum detrito de carro acidentado deixado na pista) e algumas voltas foram necessárias para substituir componentes. Mesmo assim, o quarteto comemorou o segundo lugar na classe GT4 e o quinto na classificação geral. Landi, responsável pelo último stint de prova, teve uma participação emocional. Neto de Chico Landi (primeiro brasileiro a correr na Fórmula 1 e vencedor das Mil Milhas em 1960), ele fez sua primeira Mil Milhas exatamente uma semana depois do falecimento de seu pai, Luiz Augusto, também um ex-piloto.
Marcel Visconde: “Esta corrida foi um revival da história da Stuttgart nas Mil Milhas. Ganhar na classificação geral tem um gosto diferente, porque brigamos com protótipos mais rápidos que o nosso carro. O GT3 foi extremamente confiável. Estava ‘vencido’ nas horas de uso de motor e câmbio e corremos com o carro na ‘reserva’ de durabilidade. Nossa equipe foi campeã do Endurance Brasil em 2023 e começa 2024 vencendo as Mil Milhas. É um ótimo começo de ano e torço para essa fase positiva durar bastante!”
Ricardo Mauricio: “A chuva acabou ajudando a gente, mas eu tinha que tomar muito cuidado porque havia muitas lâminas d’água na pista e era muito fácil cometer um erro. A direção de prova agiu certo ao colocar o safety car até a chuva amenizar um pouco. É minha primeira vitória na classificação geral numa Mil Milhas e isso me deixa muito contente”.
Marçal Müller: “Larguei e fiz os primeiros stints da prova. Foi cansativo. Eu já havia corrido à noite, mas nunca de madrugada. Houve um momento em que eu quase acabei com a nossa corrida: estava numa disputa de posição quando o outro piloto tirou o carro da frente porque havia outro parado. Mas consegui desviar a tempo. Ao amanhecer, o sol pegava nos olhos em alguns pontos da pista. Mas deu tudo certo. Estou recebendo várias mensagens do pessoal do Sul, porque sou o primeiro gaúcho a ganhar uma Mil Milhas desde 2002!”
Jacques Quartiero: “A corrida foi muito disputada com o Mercedes GT4. A punição por ultrapassar com bandeira amarela, para mim, foi um erro de interpretação, mas são coisas que acontecem. Terminei mais uma Mil Milhas e estou feliz. Já estou pensando nas próximas quatro…”
Danilo Dirani: “Fiz os primeiros dois stints e pilotei 3h15min nessa fase. Depois, voltei para mais dois e completei quase seis horas guiando. Quando voltei para o volante, notei o problema causado por alguma peça solta na pista que danificou o assoalho. Ficou bem difícil de guiar e precisei ficar mais tempo do que o previsto na pista para dar tempo de preparar o reparo”.
Luiz Landi: “Foi minha primeira Mil Milhas e vivi uma emoção especial, tanto pela lembrança do meu pai e do meu avô quanto por ter feito meu stint com chuva. Foi gostoso, com emoção à flor da pele”.
Beto Gresse: “Nossa corrida foi ótima. Andamos em terceiro na geral até ter os azares do assoalho e do time penalty. Mas isso faz parte de uma corrida de doze horas. Pilotei das três às seis e quinze da manhã, e ver o dia clarear ao volante de um carro de corrida é muito legal, uma experiência diferente. A própria corrida ganha uma dinâmica diferente ao passar da escuridão para o dia claro. Terminar em quinto com um GT4 em uma corrida com 60 carros é motivo de orgulho”.
Este foi o oitavo triunfo da Porsche nas Mil Milhas. Além dos obtidos pela Stuttgart Motorsport (2001, 2002, 2008 e 2004), a marca alemã venceu a prova em 1994, 1995, 1996 e 2003, além de conseguir dois primeiros lugares na classe GT4 em 2022 e 2023.
GP de São Paulo Mil Milhas – resultado final (dez primeiros colocados)
1) 55-Marcel Visconde/Ricardo Mauricio/Marçal Müller (Porsche 911 GT3 R/categoria GT3), 343 voltas
2) 12-Jindra Kraucher/Aldo Piedade Júnior/Marcelo Vianna/Emílio Padron (Sigma/P1), 339
3) 420-Renan Guerra/Melik Najm/Marcel Marchewicz/César Fonseca (Mercedes AMG GT4/GT4), 338
4) 72-Carlos Antunes/Yuri Antunes/Pedro Maldi/Marcelo Campagnolo (AJR/P1), 331
5) 21-Jacques Quartiero/Danilo Dirani/Luiz Landi/Beto Gresse (Porsche 718 Cayman GT4 Clubsport MR/GT4), 330
6) 73-Bley Júnior/Pedro Queirolo/Guga Ghizo/Leandro Totti/Eduardo Pimenta/Costa Júnior (MRX/P2), 319
7) 5-Augusto Ribas/Alexandre Andrade Júnior/Dudu Pimenta/Robbi Perez (MC Tubarão 40/P3), 309
8) 64-Henry Visconde/Enzo Visconde/Paulo Sousa/Kim Camelo (BMW M240/GT4 Light), 305
9) 1-Rodrigo Bonora/Nenê Finotti/Cezar Martins/Igor Taques/Davi Vianna (Protótipo Fusca/PN1A), 300
10) 43-Luiz Cirino/Alexandre Peppe/Aleandro Fortunato/Emerson Piedade (Chevrolet Corsa/TN1), 295 voltas