1ª Conferência Internacional da Liberdade
O Instituto Liberal realizou nesta última sexta-feira 03 de junho de 2022, junto com a Rede Liberdade e em parceria com a Money Report, a Gazeta do Povo, a Brasil Paralelo e a Revista Oeste, a 1ª Conferência Internacional da Liberdade. O evento reuniu lideranças nacionais e internacionais de diversos setores, desde intelectuais a ex-chefes de Estado, no WTC Hotel, em São Paulo.
A abertura do evento foi feita por Salim Mattar, (Presidente do Conselho do Instituto Liberal). Em seguida iniciou-se o primeiro painel com dois ex-presidentes da América Latina: Michel Temer, do Brasil e Maurício Macri, da Argentina. Em uma exposição brilhante, necessário se faz destacar as falas do ex-presidente argentino sobre as incitações populistas e a importância do setor privado:
“O populismo destrói nossa liberdade e possibilidade de futuro. O populismo deseja que todos dependam do governo e de seu poder”. Ex-presidente Maurício Macri.
Reforçando quando questionado sobre as dificuldades de se combater o populismo na Argentina disse que um dos seus maiores reveses são os “ataques sistemáticos à cultura do trabalho”.
Já o ex-presidente Temer deu início ao seu discurso apontando as distinções entre medidas populistas e medidas populares, dando como exemplo o teto de gastos do orçamento público. Ainda explicou que as medidas populistas são aplaudidas hoje e vaiadas amanhã pela sociedade e até mesmo pelo próprio Estado.
Continuou sua explicação falando sobre as medidas populares, comparando com o teto de uma construção. Demonstrou que em um primeiro momento não existe apelo ou força nestas medidas, mas que serão aplaudidas em um momento futuro.
No decorrer de sua fala, o ex-presidente Michel Temer citou que na América Latina ainda é comum ouvir os termos “esquerda” e “direita”, fazendo analogias como se o primeiro fosse a favor das “classes mais humildes e pobres”, e o segundo das “classes mais ricas e empresários”. Mas também deixou claro que esse tipo de perspectiva é falha conforme suas falas: “Pergunte a uma pessoa do Brasil que está passando fome, se ela é de esquerda ou de direita. Ela vai dizer que quer pão”.
Segundo Painel: “Liberdade e Expressão”.
O segundo painel foi composto por Fernando Schuler (cientista político), Leandro Narloch (jornalista) e Hélio Beltrão (Instituto Mises), falando sobre a temática da liberdade de expressão. Iniciando com Hélio Beltrão na forma de um bate-papo sobre a censura do Estado e os ataques que estão sendo desferidos “até mesmo nas pessoas de bom senso”, este afirma que é algo que está se tornando cada vez mais perigoso nos tempos atuais em que vivemos.
Leandro Narloch, em sua vez, citou as minorias e ativistas, trazendo uma análise nas ações desses grupos e das contribuições para os ataques a liberdade de expressão, deixando bem claro que “… são os que mais precisam dela”.
Fenando Schuler, por sua vez, abordou o assuntou sobre o inquérito das Fakes News, assegurando que “deixou de ser um inquérito e passou a ser uma política de estado, de controle da opinião. Tem muita gente com medo no Brasil”.
A Conferência contou com a presença de mulheres em um painel, na sua maioria feminina para falar sobre o judiciário, com Modesto Carvalhosa (jurista), Thaméa Danelon (procuradora da república) e Ludmila Lins Grilo (juíza).
Abordando temas sensíveis como liberdade parlamentar, fazendo uma breve análise do caso do Deputado Federal Daniel Silveira, foro privilegiado, corrupção da linguagem jurídica e o “inquérito do fim do mundo”, nome dado ao inquérito das Fake News. Ainda, ressaltaram o cerceamento da liberdade de expressão dentro do próprio judiciário.
Painel sobre as perspectivas da liberdade na América Latina.
Este painel recebeu Axel Kaiser (cientista político, Chile), Glória Alvarez (cientista política, Guatemala) e Roberto Rachewsky (articulista, Brasil) e a socióloga brasileira Marize Shons como mediadora para uma conversa. Os debates foram abertos e todos os participantes falaram sobre as perspectivas e motivos para a esquerda “triunfar” de forma global e não apenas na América Latina.
Na visão de Roberto Rachewsky, o Brasil é um país socialista, no qual os direitos individuais das pessoas que compõem a sociedade não são reconhecidos. Mesmo quando são, acabam sendo atacados pelas mesmas instituições que deveriam defendê-los. Em suas palavras, “temos uma constituição e instituições esquizofrênicas, onde nossos direitos são defendidos e violados ao mesmo tempo”.
Glória Alvarez, por sua vez, fez uma apresentação brilhante sobre o panorama político na América Latina, discorrendo sobre a mentalidade coletiva das nações que a compõem, afirmando que nos inferiorizamos nas questões de liberdade, acreditando que estamos sempre a mercê da Lei, da obediência e do bem comum. Fez uma análise com a ciência política, evidenciando que estamos psicologicamente condicionados a acreditar que somos vítimas e que o indivíduo não tem valor.
A conferência foi finalizada com uma palestra do historiador Rainer Zitelmann, falando sobre o capitalismo e o mercado, mostrando por meio de gráficos os malefícios, os fracassos e os genocídios cometidos pelo comunismo.
Rainer Zitelmann falou abertamente sobre a sua “mudança de ideia”, a qual foi determinante na sua vida, dividindo um fato inusitado: em sua adolescência e início da vida adulta Rainer era socialista. “Eu até mesmo fundei uma cédula vermelha na escola”. Mostrando que a mudança foi motivada por conta de estudo e maturidade, no seu entendimento em relação à política.
“Eu não acordei da noite para o dia e entendi o capitalismo. Foram 10 anos estudando história e política, fiz dois doutorados, sendo um deles sobre as políticas de Hitler”.
A Conferência Internacional da Liberdade foi um sucesso, sendo prestigiada por diversas personalidades políticas, nacionais e internacionais que debateram temas necessários de forma ampla, dado o atual momento que vivemos, visto que estamos à beira de uma eleição presidencial.
Creditos: Ariane Ponce / Leco Viana