A MULHER QUE COLOCOU UM MELIANTE PARA CORRER
Na tarde de 27 de janeiro de 2022, na cidade de Guarulhos em São Paulo, a microempreendedora Glaucia Passos, dona de uma pequena loja de moda feminina, sofreu uma tentativa de roubo sem arma de um viciado em drogas que estava apavorando os comerciantes no bairro Rosa de Franca. Eles se sentiam coagidos de denunciar ou reagir.
Antes, os alertas corriam através de suas clientes e dos comerciantes locais sobre os atos criminosos do suspeito que não fez Glaucia temer. Ela disse que se o suspeito fosse até à loja dela, não ia roubá-la, já que vinha de uma vida sofrida há alguns anos atrás em sua terra natal, a Bahia, no nordeste do Brasil, com apenas R$ 100 (cem reais, moeda brasileira que significa cerca de US$ 19 dólar americano) no bolso e sua tia, que hoje é falecida, que a esperava chegar em São Paulo. Por esse motivo, a microempreendedora buscou valorizar todas suas conquistas e o seu meio de sustento afirmando que a vida de empreendedor no Brasil já não é fácil e que não iria deixar ser levada por tamanho constrangimento.
Durante o atendimento de uma cliente, ela observou a movimentação estranha do suspeito em frente à sua loja e já deixou uma barra de ferro ao se lado. Não sabendo, o suspeito esperou a hora certa para agir, quando Glaucia ficou sozinha na loja e sentou-se para almoçar. O meliante entrou e tentou levar uma calça que estava na prateleira. Rapidamente Glaucia agiu correndo até ele com a barra em mãos mais sem o agredir e dizendo ‘’aqui você não vai roubar não!’’. Logo em seguida, o suspeito também correu para fora dizendo que não era ladrão, mas os outros comerciantes afirmaram que ele já tinha roubado outros itens em seus respectivos comércios. Sem levar nada da loja de Glaucia, o “suspeito” acabou fugindo do local em seguida.
Voltando para a sua loja, ela se sentou no sofá e confessou que ficou trêmula e ligou para seus conhecidos contando o que tinha acontecido e eles a acalmaram vindo um sentimento de gratidão a Deus por não ter acontecido nenhum tipo de violência relacionada a danos físico e material. As câmeras de segurança, aquisição recente de Glaucia, registraram toda a movimentação, fazendo com que ela usasse os vídeos para divulgar o fato através de uma narração com sua própria voz em um tom explicativo e divertido ganhando um apelido dos espectadores de ‘’a brava’’.
O vídeo repercutiu nos principais canais jornalísticos da cidade e através dos amigos que também compartilharam.
Ao receber o apoio de uma população cansada com a falta de segurança e as leis frágeis do país, o seu ato de coragem agora é um alívio aos que se sensibilizaram com sua situação e o desejo dela agora é que o meliante se encontre em breve com a justiça após fazer um boletim de ocorrência na delegacia de polícia mais próxima.
Glaucia sempre foi determinada, mãe de dois filhos, divorciada e formada em administração de empresa. Buscou não se vitimizar em nenhum momento de sua vida, só se mudou para São Paulo porque segundo ela, sentiu esse desejo tocando em seu coração através de Deus, mas que também já pensou em desistir e voltar para a sua terra natal quando viu que não estava sendo fácil recomeçar sua vida na busca de um emprego e afirmou que novamente Deus a comunicou, mas dessa vez dentro de uma igreja a consolando e advertindo ela não voltar que Ele iria ajudá-la.
Glaucia conseguiu vários empregos após isso, mas o desejo de empreender estava em seu coração, desde os 9 anos de idade quando começou guardando R$ 1 (um real, moeda brasileira que significa cerca de 0,19 centavos de dólar americano) cuidando de crianças. Ela percebeu que tinha gosto pela matemática, por economizar para um futuro melhor pensando em uma empresa ainda que fosse pequena. Prova disso é que, anos depois ela escreveu seu sonho no papel. O primeiro nome de sua loja, e com a ajuda de sua mãe que produzia roupas caseiras para ela vender e mais as roupas Fabril para revender, sempre pensou no público feminino.
Na pandemia do novo coronavírus (COVID-19), quando foi necessária uma longa quarentena obrigando todos os comércios a fecharem, Glaucia viu que precisava evoluir e virar uma fotografa amadora para colocar as roupas à venda e ela conseguiu, sobrevivendo mais uma vez.
Com toda essa história resumida e se livrando de um meliante, o recado que ela quer deixar é de força para às mulheres, de não se vitimizarem e se calarem à possíveis violências psicológicas ou física, seja de quem for, e de união e amor ao próximo frente a alguém que possa estar sofrendo situações iguais ou parecidas com a dela.
Glaucia com 36 anos de idade, sonha em sair do aluguel no seu comércio, ver seus filhos bem e sua loja prosperar ainda mais com o objetivo de melhorar a autoestima de todas as mulheres.
Texto: Fepesil
Correção e revisão textual: Raquel Vendramini Fantucci